sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O porco saci

Tudo começou no Bairro Santana, que ficava no outro lado do Rio Capibaribe, onde todos os dias, eu atravessava a Maré, em uma jangada feita com troncos de bananeira.
Levava comigo umas 30 ratoeiras, feitas com latas de óleo onde eu colocava em frente aos buracos de guaiamuns e cobria com galhos de mangue, na parte da tarde ou seja, por volta das 12 horas e quando dava mais ou menos 4 horas, saia recolhendo e sempre, pegava de 15 a 20 guaiamuns e já as colocava em outros buracos, aí ficava esperando a fábrica apitar ás 18 horas, para novamente fazer novas varreduras e colher os que entravam nas ratoeiras e foi nesse momento que saltou do bote um senhor que me perguntou se eu queria comprar um porco e perguntei se ele não trocaria por guaiamun então ele me falou, vamos ver o porco, eu coloquei o caixote com os guaiamuns, na cabeça e fui até a casa do senhor.
Ao chegar no chiqueiro, nos fundos da casa do Seu Cosme, era o nome do senhor que me fez a proposta da venda do porco, fiquei quase que sem fala de tanta alegria, pois nunca tinha visto ninhada de porcos, eram 11 (onze) porquinhos, a coisa mais linda, diversas cores, mas o que me chamou a atenção, foi um pretinho, pois quando coloquei a mão dentro do chiqueiro ele veio e ficou esfregando seu focinho geladinho nas costas da minha mão, então perguntei ao Seu Cosme, se podia tirar ele um pouquinho e Seu Cosme, com muita sabedoria, vendo toda a minha emoção disse, você gostou do pretinho? E eu disse que sim, então ele disse, pode tirar que é seu, naquele momento, senti uma alegria tão grande, peguei o porquinho coloquei no colo, como se fosse um bebê e comecei a coçar sua barriguinha e senti suas perninhas se esticando e procurando uma posição, então ele começou a dormir, aquilo para mim foi de uma felicidade que até hoje, não consigo descrever. De uma coisa tinha certeza, que o porquinho já era meu, então falei para Seu Cosme, o senhor come guaiamun ? Foi quando ele me falou que adorava, então falei: o senhor pode ficar com todos que estão no caixote, senti que ele ficou muito satisfeito e me falou, hoje você me presenteou e fico muito grato, então perguntei, posso colocar um nome no porquinho? E ele disse, faça o que quiser com ele, mas você já sabe qual o nome que vai colocar nele? Eu falei que sim, o nome dele é Saci, então ele me falou, bonito nome e combinava com ele, por causa da sua cor. Então ele me falou que já desmamou, pode dar para ele, arroz, feijão, pão molhado no café e se quiser um pouquinho de leite não faz mal, só não dê comida estragada, ou seja de um dia para outro, nesse momento Seu Cosme veio com uma sacola e me disse, coloque o Saci aqui e aproveite enquanto ele dorme e leve para sua casa, porque só assim quando ele acordar, não vai sentir falta dos outros e assim eu fiz.
Quando cheguei em casa, mamãe a principio não gostou da idéia, por não ter espaço no fundo da casa e me falou: se ele crescer muito a gente vende, ta certo? e eu concordei. Sem saber o que eu estava falando e mamãe voltou a repetir, quando ele estiver adulto não dá para ficar aqui em casa e vamos ter de vendê-lo ta ouvindo? e novamente concordei: “sim mamãe”.
De repente o Saci começou a se esticar, e mamãe me falou, tem pão ai nesse saco, coloque café no prato e vai molhando os pedacinhos, e coloque em sua boquinha e assim eu fiz, depois mamãe colocou um caldinho de feijão e arroz e ele também comeu e a essa altura ele ainda não havia pisado no chão, desde a hora em que cheguei da casa do Seu Cosme, pois eu o havia colocado na minha cama e nessas alturas já passava das 7:30 h. e novamente comecei a coçar sua barriguinha e ele dormiu outra vez. Peguei um pedaço de cobertor e coloquei em cima dele e coloquei o travesseiro do lado, para ele não cair no chão, caso ele rolasse e fui tomar banho, para também dormir, lá em casa podia ser qualquer hora da noite tinha que tomar banho para dormir e isso faço até hoje e passei para os meus filhos.
Foi então que mamãe falou, tem sopa de verdura, toma um prato e vá dormir e trate de colocar o Saci embaixo da cama, porque lugar de porco é no chão, foi então que tive uma idéia, colocá-lo para dormir na cama e depois com muito cuidado para não o acordar colocaria embaixo da cama e assim fiz. Tirei o Saci sem que ele acordasse e o coloquei embaixo da minha cama, conforme mamãe me pediu e fui tomar um prato de sopa, que mamãe fazia todas as noites, Era a maneira mais barata que ela encontrava para passarmos bem alimentados e sem gastar muito, até porque o dinheiro era escasso e mamãe me mandava ao mercado do Cordeiro com um balde para recolher tudo o que não era vendido, como: repolho machucado, cenoura quebrada, batata com algum machucado, pedaços de macaxeira, pedaços de jerimum. Alguns boxs, não só vendiam verduras, como também carne de sol, lingüiças e carne de boi e sempre quando me viam recolhendo as verduras e legumes, separavam alguns pedaços de carne e colocavam dentro do balde, eu agradecia e logo enchia o balde, por isso não passávamos fome. Era nesse clima que todos os dias eu conseguia uma maneira de conseguir nosso café da manhã, almoço e janta sem que mamãe gastasse quase nada e o Saci já estava com 3 meses e eu já o levava comigo para o outro lado da Maré, para armar as ratoeiras, ele já estava me acompanhando como um cachorrinho, eu enchia os bolsos com bolachas e pedaços de pão e de vez em quando eu dava pedaços para ele e quando terminava de armar todas as ratoeiras, procurava uma sombra me sentava e colocava o Saci no colo e ele já ficava mordendo minha mão, para coçar sua barriguinha, as vezes eu fazia que não estava entendendo, então ele ficava esfregando o focinho na minha barriga, ai eu fazia ele entender que estava nos entendendo e começava a coçar nas suas costas, então ele deitava e virava com a barriguinha para cima, e eu começa a coçá-lo e logo ele dormia. Eu me lembro que quando ele dormia, eu não podia me mexer, pois ele logo acordava e ficava me olhando como se tivesse medo que eu o deixasse, por isso quando ele dormia no meu colo eu mal podia respirar, para não acordá-lo. Esse porco ficou tão domestico, que só faltava falar, algumas pessoas diziam que ele falava, do jeito dele, porque; quando queria comer, ele grunia, quando eu chamava ele grunia, as vezes me escondia dele, ele ficava maluco, correndo para todos os lados e grunindo, como tivesse me chamando. Á noite quando me deitava, ele também deitava, mas enquanto eu não cocasse sua barriguinha, ele não parava de grunir baixinho e ás vezes me levantava para mijar, ele levantava e me acompanhava até a cozinha onde ficavam os penicos; ai eu mijava e voltava para a cama, ás vezes esquecia de coçar sua barriguinha e ele colocava as duas patas em cima de mim, ai eu falava desce e na hora ele descia e eu começava de cima da cama a coçar sua barriguinha e sentia quando ele dormia, porque ele relaxava todo e se esticava. Pela manhã acordava cedo, às 5 horas e já pegava o balde e me mandava para o mercado do Cordeiro e comecei a levar o Saci comigo, nos primeiros dias coloquei uma coleira no seu pescoço, servindo até de gozação, quando cheguei no mercado o pessoal, que já me conhecia, me perguntou : “Joca, onde você arranjou esse cachorro que até parece um porco ? Qual a tinta que você usou para pintar o pelo desse cachorro? E eu só fazia rir.
E assim ia conquistando o pessoal do Box , que chagavam a me falar para não esquecer do meu pedaço, quando matar o porco no natal e aquilo mexia muito comigo, porque comecei a pensar nas palavras da mamãe, que quando ele crescer seria vendido, foi então que me veio a idéia de fazer um chiqueiro para o Saci e tirado de dentro de casa, não deu certo, enquanto fazia o chiqueiro ele ficava dentro comigo. O chiqueiro fiz com vara de mangue, mas assim que saí, ele começou a se debater e gritar, então não agüentei ao ver seu sofrimento, pois foi criado solto e assim que se soltou, começou a rodar em volta das minhas pernas, então comecei a alisar suas costas e sua barriquinha e senti que seu coração batia forte, chamei mamãe e falei para ela, então ela disse que devia dar um banho nele para se acalmar, ai o levei para a Maré e tomei banho com ele. O Saci adorava entrar na Maré comigo desde pequeno, quando saímos da Maré, coloquei minha mão no seu coração e pude ver que já batia normal. Mamãe me disse para não desmanchar o chiqueiro, pois vai servir para criar guaiamum e logo você vai ter que vender o Saci ele está crescendo muito rápido, naquela hora fiquei muito triste, sem saber o que fazer com o meu amigo, que para mim era mais que um porquinho, ele era realmente o meu amigo. E comecei a ver o que até então não me preocupava, o seu tamanho, então perguntei para mamãe quantos quilos tem o Saci e ela me disse que meu padrasto tinha calculado que já estava com uns 30 quilos e quando ele completasse 1 ano ele já estaria com uns 40 a 50 quilos e o Saci já estava com 9 meses de idade e comia muito, pois tinha fartura de ração, além dele ir comigo para o mercado de onde voltava redondo de tanta comida, ainda trazia separado no balde, de carrinho de mão: tomate, mamão, repolho, jerimum, cenoura, batata, beterraba, quiabo, chuchu e restos de comida de um restaurante do mercado da Madalena e tudo isso era misturado com os legumes, por isso o Saci estava crescendo rápido.
E o tempo se passando e o Saci já estava com 14 meses, ou seja 1 ano e 2 meses, quando para minha surpresa, estava chegando de uma capina, que fazia duas vezes por mês, no bairro do Prado, quando escutei seus gritos, no outro lado da Maré e não pude acreditar no que estava vendo, o Saci amarrado dentro de um carrinho de mão, sendo levado por seus novos donos, fiquei muito desesperado, sentei ao lado de uma barreira, olhando e escutando seus lamentos, então mamãe me falou que eles não iam matá-lo, eles vão criá-lo para reproduzir, ou seja cruzar: Obs. Levei muito tempo para me recuperar do trauma e desde então não sei porque não consigo comer carne de porco, nem criar e quero fazer um apelo para os pais : “é preferível que não dêem nenhum animal para seu filho, para depois tirá-lo”, porque só eu sei o quanto sofri, cheguei a ficar doente, tive muita febre e tenho certeza de que não fiquei com problema de cabeça porque naquele momento Cristo estava do meu lado, pois senti que minha cabeça parecia que ia explodir.

Aquele dia para mim, foi o fim de todos os meus sonhos, pensei em várias coisas naquele momento, devido á minha pouca idade em atravessar a Maré e correr atrás e soltá-lo foi nesse momento que mamãe olhou para mim e disse: “não se desespere, porque pra semana nós vamos fazer uma visita ao Saci e combinei com eles que toda semana você ia visitá-lo”. Mas nada me confortava e vi que mamãe estava chorando, então entrei e fui direto para a cama e dormi, acho que desmaiei, porque quando acordei mamãe me falou que me deu chá de alfazema com eucalipto e colônia porque tive febre alta e ela me pediu que não saísse de casa naquela tarde, e assim fiz , fiquei em casa , no outro dia perguntei para mamãe se já podia visitar o Saci e ela disse que devia deixar passar uma semana, senão vai ser ruim para o Saci.pois ele pode morrer de saudade na hora que você tiver que vir embora foi então que me veio a vontade de perguntar para mamãe se ela deixava eu criar outro porquinho, na hora ela me disse que sim só que eu deixasse passar um tempo. Só que esse tempo fez com que eu esquecesse de criar novamente outro porco, até hoje.




Essa história está no contexto do livro Joca uma Lenda Viva do Bairro da Torre.
Uma história real,foi o primeiro e último porquinho que eu criei e por causa dele eu fiquei traumatizado e por isso até os dias de hoje eu não consigo comer sequer uma bisteca de carne de porco.

João Timóteo da Silva.( Joca )
Sempre Alerta !

Nascido na Rua Pio IX,por trás do Sítio do antigo dono Dr. Manuel,hoje esse mesmo sítio foi transformado no Colégio Israelita do Bairro da Torre.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

UM HOMEM SIMPLES ,CHAMADO ANDRADE LIMA

UM HOMEM SIMPLES CHAMADO ANDRADE LIMA

Dentre tantas autoridades que conheci,no bairro da Torre,quero destacar e dizer a família do Deputado António de Andrade Lima Filho,o quanto o admirei,por ser ele uma pessoa de uma simplicidade ímpar e de um coração aberto,que nunca media esforços para ajudar os mais necessitados.Apesar de toda essa simplicidade ,Andrade Lima foi um homem de uma cultura grandiosa.
Ele foi Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife,Doutor em Ciências Econômicas da Universidade Federal de Pernambuco.Desde cedo se dedicou ao jornalismo,fundando em 1929 na Cidade de Quipapá,o Jornal " O Democrata ",tendo a partir daí ,uma constante colaboração com diversos orgãos da imprenssa,condição que preservou até a véspera do seu falecimento em 10 de Setembro do ano de 1983.
Foi membro da Academia Pernambucana de Letras,deixando uma vasta obra Literária .Política e Jurídica:" História Amena de Uma Campanha,O Médico e o Monstro,Oração Contra Ódia " entre outras obras.Foi também professor da Universidade Federal ,Consultor Jurídico da Caixa Econômica Federal de Pernambuco,entre outros cargos e funções públicas.Tendo sido escolhido pela Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco como um dos Parlamentares representativos do século XX ,em seleção realizada pela Academia Pernambucana de Letras,o Conselho Estadual de Cultura ,a Fundação Joaquim Nabuco a Universidade Federal de Pernambuco e o Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano.
E dentre todas essas prerrogativas,destaco o HOMEM o SER HUMANO que foi o senhor Dr. Antônio de Andrade Lima Filho,que certa vez,o chamei de doutor e ele ,colocou a mão no meu ombro e disse no meu ouvido:
_ " Nunca mais me chame de doutor,porque eu sou uma pessoa igual a você,a única diferença entre eu e você,são os títulos,mas isso para mim não interessa ".
E por isso ,vou tirar o Dr. e chamá-lo como ele me autorizou: ANDRADE LIMA.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Dedicatória

Quero dedicar essa minha história a uma jovem senhora de nome: Kátia Pereira Timóteo da Silva, mãe do Matheus e Pandora que para mim a Kátia vai ser sempre a minha menina e a razão do meu viver.

Joca Timóteo.

Eu Sou Assim


Como vocês já sabem, meu nome é João Timóteo da Silva, mas vocês que já sabem de parte da minha história podem me chamar de Joca, sou um cara simples mas não gosto de andar de chinelos. Sou leal até dizer chega, as vezes impaciente. Pois sou de sete meses, sou tranqüilo e ao mesmo tempo estourado, não gosto de ver covardias, procuro sempre fazer a minha parte, respeito todas as crenças, todas as raças, respeito todas as opiniões, porém, tenho as minhas, não tenho preconceito pois cada um faz o que quer, para isso temos o livre arbítrio. Como todo mundo tenho um time de futebol, um não, dois, sou do Nautico desde o tempo do: Manoelzinho, Caissara e Lula, Gilberto, Gago e Jaiminho, Eloi, Ibsom e Almiltom, Marcos e Bita, esse sim foi o melhor time que o Nautico já teve até os dias de hoje, no Rio de Janeiro sou vascaino mas nada me impedia de ir ao Maracanã, ver o Bota Fogo jogar, só por causa do Grrincha, esse sim deixa saudades até hoje, não posso esquecer do timão Corintias, então são três, meus times favoritos e por falar de futebol tenho que falar de músicas, nos grandes cantores, sou amante da música romântica Agnaldo Timóteo: Verdes Campos, Deixe Outro Dia, Eu Te Amo, Quem é Que Não Chora Por Alguém? Angela Maria: Encosta Tua Cabecinha no Meu Ombro e Chora, Como Vai Você? Anizio e Silva, Calbi Peixoto, Nelson Gonçalves, Frank Sinatra: My Way. Nat King Cole, Olhos Negros, Ray Charles entre outros, dancei muito ao embalo de Chubby Cheker: The Twist e Julio Igresias, sou amante do cinema e na minha época os astros eram outros, e eles ficaram eternos assim como seus filmes; Charlton Heston: Ben Hur 1959, Os Dez Mandamentos 1956, Jhon Wayne, Yul Brynner, Cantiflas, Marlon Brando, Victor Mature e Hedy Lamarr, em Sansão e Dalida de 1949, Zorba o Grago de 1964 com Antony Cuinn, Kirk Douglas em Spartacus de 1960, Sophia Lorem, Lys Taylor em Cleopata de 1963, Charles Bronson em Era Uma Vez no Oeste, James Deam, Dean Martin, Tyrone Power e Lee Van Clent em: o Barqueiro, Tora! Tora! Tora! com Janson Robards, Portal da Gloria, Henry Fonda, Reck Hudson, Os Canhões de Bavarone com Gregory Peck de 1961, O Gordo e o Magro e o clorioso Charles Chaplin. Nunca bebi nem fumei, até porque eu praticava esporte, apesasr de ser um homem simples, se eu podesse eu andaria impecavelmente bem vistido, e isso me tornaria esnobe, nunca me arrependi de nada que fiz na vida, sou um cara que morro de medo da morte, acho que nós deveríamos viver para sempre, não entro em semitério, nunca mesmo sabendo que um dia terei que entrar, mas que seja daquí a cinqüenta anos, eu sei que é muita pretenção, mas é isso mesmo. Adoro o mar, as montanhas, gosto de cachorro, quando criança criei um gato, um porco e um carneiro, dirijo bem pois a minha primeira carteira de motorista está completando 51 anos, goto não, adoro ficar em casa, as vezes falo com minha filha mais velha que tenho a impressão que eu ia nascer mulher, por gostar dos afazeres domésticos, ronco muito, bebo muito café e o engrassado é que dizem que o café tira o sono, mas o meu não, sou católico, não sou praticante, vez ou outra leio a bíblia e faço estudos, acredito em Deus piamente, sou Maçom e tenho a marçonaria como minha religião "Mesmo sabendo que ela não é uma religião" infelizmente tenho que falar da política, tenho vergonha de alguns políticos, acho que muitos deveriam está em casa em quanto suas mulheres assumiriam seus lugares, por não honrarem com seus juramentos perante os que o elegeram "mas eles não têm culpa do que fazem e sim suas esposas e filhos que fecham os olhos".
Em fim para terminar bem, devo dizer que gosto da poesia e da arte, que se pode entender.
Mas na verdade eu gosto mesmo de viver!

Por isso não me conformo com a morte.

Em vida,

Joca Timóteo

quarta-feira, 19 de março de 2008

Minha Trajetória no Boxe

Lutei boxe no recreio de Macacheira, cujo o treinador de nome Tiburcio Metralhadora, por pouco não me levou ao profissionalismo. Na época apareceu um alemão de nome Mr. Holper e ele queria que eu assinasse um contrato, e nesse contrato eu teria que fazer 30 lutas na categoria de peso galo, em todo Brasil, foi então que eu perguntei para ele: se eu continuaria com o mesmo treinador ou seja o Tiburcio Metralhadora, e simplesmente ele me falou que ele tinha toda equipe de treinadores no Clube Baroso, e eu teria que freqüentar os treinos durante a semana, no clube que ficava na rua da Aurora, e que eu teria que largar o meu trabalho, e todo o resto das minhas atividades, para me dedicar somente ao pugilismo, administrado por ele. Então eu lhe perguntei: como eu iria sobreviver se eu tivesse que largar o meu emprego e minhas atividades? Como chefe de escoteiro no SESI da Torre e professor de Jiu-Jitsu na academia que eu criei na Torre. E simplesmente ele me respondeu, que iria me dar uma ajuda de custo, para as minhas passagens e as refeições, no bar Tupi, que ficava na rua da Palma, no centro do Recife, e por cada luta que eu fizesse e ganhasse eu recebia um colabore, e eu lhe perguntei de quanto seria esse colabore? e ele me respondeu que dependeria do estado em que eu fosse lutar, então eu lhe pedi uma semana para dar a resposta, foi então que eu consultei o Tiburcio, e ele me falou que o Sr. Houper só aparecia no recreio da Macacheira para levar seus lutadores, e até então ele nunca tinha visto nenhum lutador que havia tirado da Macacheira, em uma boa situação, e que eu não me iludisse, que eu não largasse o meu emprego, eu tinha um bom salário, onde eu trabalhava de carteira assinada e que eu já tinha história para contar, sobre as minhas atividades no bairro da Torre, que eu não largasse tudo isso para me iludir com o senhor Houper, e assim eu fiz, disse não ao alemão por telefone e continuei indo aos domingos, lutar box no recreio de Macacheira, no sábado a noite eu fazia luta de vale-tudo no SESI da Torre, onde me tornei um ídolo e durante a semana eu reservava duas horas para o escotismo, no grupo Anibal Cardoso, no SESI da Torre e uma vez por outra eu estava desputando ciclismo pela CALOI. Nesse período eu recebi o convite para lutar box no Rio de Janeiro, porque o box estava muito difundido lá. Mas eu não tive chance, a pessoa que me convidou eu não consegui localizá-la, e fiquei freqüentando várias academias como esparro, mas mesmo assim não tive oportunidade, precisava de uma apresentação para me firmar e como eu não conhecia ninguém as academias só me deixavam treinar a troco de comida e por muitas vezes servi de esparro.
A pessoa que me convidou para o Rio eu perdi o seu cartão e não sabendo seu endereço, fiquei perambulando por quase dois anos no Rio, sem encontrar essa pessoa, nem sei que fim ele levou. E foi assim a minha carreira no box, sem fazer nenhuma luta como profissional.

terça-feira, 18 de março de 2008

Trigésima Quarta Parte

Coisas que Só Aconteciam na Beira da Maré lll

Lúcio , O Mendigo

Esse mendigo ,morava na beira da maré e pedia esmola na cidade e pela vizinhança ,ele morava num barraco sozinho,não tinha ninguém.Ele costumava sair logo cedo para pedir esmolas e voltava ao cair da tarde ,com um saco cheio de coisas que lhe davam , essa rotina foi diária durante muitos anos ,Lúcio era um cara tranquilo nunca deu problema a ninguém ,mas um certo dia essa rotina foi quebrada ,já fazia alguns dias que ninguém o via passar.
Foi quando se sentiu o mal cheiro vindo do seu barraco ,e quando olharam pelas flechas do barraco,pôde-se ver que ele estava morto em cima da cama ,então chamaram a polícia ,nem foi preciso arrombar a porta,pois a mesma não tinha tranca ,e para a surpresa de todos ,quando o rabecão foi buscá-lo ,procuraram em baixo do colchão algum documento de identificação ,e para a grande surpresa de todos os curiosos ,que ali estavam ,em vez de algum documento ,o que se achou de baixo do colchão ,foram sacos e mais sacos de dinheiro notas e moedas aos milhares ,cuidadosamente separadas .E tudo isso foi levado para a Delegacia da Torre e até os dias de hoje ,eu não sei que destino tomou todo aquele dinheiro .
Lúcio ,pobre mendigo rico.

Trigésima terceira parte

Minhas Brigas no Poço da Panela



Certo dia eu brincava de luta romana no sítio do Alemão ,com vários garotos sem saber que eu estava sendo observado de longe pelo Egídio Bezerra,e de repente ele se aproximou de mim e falou que depois eu passasse no Iate Clube que ele queria falar comigo .Como sempre eu não perdi tempo,e fui logo perguntando se ele ia para lá naquela hora,ele me respondeu que sim ,então eu já fui com ele,nós não fomos pela rua José de Holanda ,não sei porque ,e sim pela rua Real da Torre e assim que chegamos ,ele me mostrou o banheiro e me deu um sabonete e em seguida veio com uma toalha ,e disse que a parti daquele dia aquela toalha e aquele sabonete eram meus ele disse que ia me treinar ,pois eu era um lutador nato,e o que me faltava era técnica e ele ia me ensinar essa técnica,pediu que eu não falasse para ninguém ,que ele ia me treinar.E assim logo após o banho ,ele começou os treinos comigo ,e foi realmente muito instrutivo para mim e o que eu aprendia com ele eu usava com outros garotos no sítio do Alemão ,naquela época ele me passou mais sessenta golpes de Jiu-Jitsu e contra - golpes,eu fiquei muito rápido ,ele tinha um saco de pancadas onde ele treinava diariamente ,e eu também passei a bater no saco,exatamente a onde ele mandava ,ponta do queixo,abaixo das costelas e me dava as dicas dizendo que dependendo da velocidade do soco ,no queixo eu acabava a luta sem sangramento ,e se eu notasse que o adversário era mais forte,eu procurasse dar vários socos no nariz,até sangrar ,e fosse mudando de lugar sem parar queixo ,nariz ,nariz,queixo.Dizia que eu tinha que manter a calma e que eu deveria manter sempre a perna esquerda na frente para que eu tivesse uma boa guarda ,e essas aulas foram diariamente durante mais ou menos 60 dias ,e as vezes quando ele não tinha lancha para concertar ou fazer manutenção ,nós treinávamos também na parte da tarde .Até que um dia ele me perguntou se eu queria fazer algumas lutas livre,para ganhar uns trocados ,e eu não pensei duas vezes para responder sim,foi então que ele me disse que ia testar a lancha do Dr. Miguel Vita e eu ia com ele até o Poço da Panela ,e assim fizemos ,paramos no Poço da Panela ,ele amarrou a lancha e acho que ele já havia combinado com alguém,porque logo ele conversou com um senhor ,que saiu e depois voltou com umas dez pessoas e dois garotos ,maiores do que eu ,e separados de mim ,ficaram conversando .Foi então que o Egídio veio até a onde eu estava sentado e me perguntou qual dos dois garotos eu queria encarar,e eu disse que encarava os dois,um de cada vez,o Egídio voltou e ficou conversando com o senhor,e então eu vi que ele tirou do bolso várias notas de dinheiro e as entregou a um dos senhores que havia chegado no local,ele veio até mim de novo e falou que eu ia brigar três assaltos ,cada um de dois minutos com o primeiro garoto e com o segundo eu ia brigar só um assalto de três minutos,perguntou se eu concordava e eu lhe respondi que sim,ele me disse que já havia casado o dinheiro com o senhor de branco ,ele era o pai dos garotos que eu ia brigar .Riscaram um quadrado no chão de uns três metros por três ,e o Egídio nos chamou no centro do quadrado e mandou que tirássemos as camisas e ficássemos somente de calção,ele mandou que nós nos abraçássemos e depois pediu que cada um fosse para o seu lado e ao sinal dele,nós podíamos brigar .E quando o garoto entrou no ringue ,eu já estava acertando uma cabeçada no seu queixo,que quase o matei ,tiveram que jogar água nele ,pois ele ficou grogue e não pode mais lutar ,foi então que o Egidio pediu ao seu pai o dinheiro da primeira aposta ,e o pai do garoto meteu a mão no bolso e tirou um bolinho de dinheiro e deu ao Egídio,e eu escutei quando ele falou ,que a outra luta ia ficar para depois ,pois ele ia levar o garoto no Pronto Socorro,porque ele estava achando que ele havia quebrado o queixo,e depois ele combinava a segunda luta.O Egídio me chamou para irmos embora ,e eu olhei para o garoto e pedi desculpas ao seu pai ,ele me respondeu que tudo bem e disse que eu era muito rápido e que eu esperasse a segunda luta.Então eu entrei na lancha e o Egídio olhou para mim e disse ,que era assim que se fazia ,num piscar de olhos eu derrubei o adversário,e o que ele mais gostou na luta foi o meu comportamento ,depois que eu vi o garoto no chão eu me sentei num rolo de coqueiro e fiquei de cabeça baixa ,ele me disse que eu deveria ter sempre esse comportamento ,ser humilde ,não rir do adversário .Naquele dia o Egídio me deu Cinco Mil Réis,e me disse que eu ia ganhar Dez Mil Réis porque ele tinha certeza que eu ganharia as duas lutas ,e depois falou que ia arrumar duas lutas para o outro dia ,na olaria e mais duas para em Santana para o dia seguinte ,disse que por enquanto as lutas eram fáceis porque os garotos que eu ia lutar não tinham preparo .e assim eu sai fazendo várias lutas contratadas pelo Egídio ,e ganhando um bom trocado ,e foi daí que eu pude montar a Academia da Torre e durante muito tempo eu fiquei imbatível,devido as técnicas que obtive com o Egídio Bezerra.